Há uns anos, quando se falava de nutrição, pensava-se imediatamente em excesso de peso. À medida que as pessoas foram conhecendo os benefícios de uma alimentação equilibrada, acabaram por perceber que a sua área de atuação vai muito para além da perda de peso e das escolhas acertadas para quem tenha restrições alimentares.
Costuma dizer-se que somos o que comemos. E abdicar ou escolher determinado alimento ajuda muito a melhorar a nossa qualidade de vida. Especialmente para quem tem doenças autoimunes.
Viver com uma doença autoimune
As doenças autoimunes caracterizam-se por atacarem o organismo do hospedeiro sem que haja necessidade. No fundo, o sistema imunitário não funciona como era suposto, identificando ameaças que não existem. Acaba por se atacar a si próprio, como se estivesse a defender o corpo de algo externo.
Consequentemente, os tecidos do corpo vão sendo destruídos, como os vasos sanguíneos ou a pele. Mas todos os órgãos podem ser vítimas da confusão do seu próprio corpo, incluindo o coração ou o cérebro, em casos mais graves.
A nutrição e as doenças autoimunes
Descobrir que se tem uma doença autoimune nem sempre é um processo rápido. E quando estas são diagnosticadas, a solução costuma ser a medicação. Geralmente, imunossupressores e anti-inflamatórios, que aliviam as consequências, mas não tratam a causa.
Quando os nossos pais têm doenças autoimunes, temos uma maior probabilidade de também as ter. Mas, atualmente, já se considera a epigenética — os fatores externos que nos influenciam e que podem ajudar a despertar as doenças autoimunes, como o estilo de vida, a alimentação, os fatores ambientais, o nível de stress, entre outros. É aqui que a nutrição assume um papel importante. Por isso, nada melhor do que ir a uma consulta de nutrição, para conhecer a sua doença e como a pode contornar.
Para já, a nutricionista da clínica MyMoment, Susana Barros, dá algumas luzes sobre como orientar a sua alimentação, tendo em vista o alívio dos sintomas de algumas dessas doenças autoimunes.
Doenças autoimunes relacionadas com os intestinos
A maior parte do nosso sistema imunitário funciona nos intestinos. Portanto, é aí que várias doenças autoimunes atuam, como a doença de Crohn ou a colite ulcerosa.
É possível acalmar a alteração da flora intestinal (disbiose) através de um suplemento alimentar com probióticos — microrganismos vivos que, ingeridos em quantidades adequadas, trazem benefícios para a saúde.
Para além disso, na doença de Crohn, a dieta deve ser isenta de glúten e de lactose, que provocam a inflamação intestinal.
Doença celíaca
Cada vez mais falada, a doença celíaca é a intolerância ao glúten — proteína encontrada frequentemente em cereais como o trigo, a cevada, a espelta ou o centeio. A sua ingestão provoca lesões nos intestinos e a reação imunológica reflete-se na diminuição da mucosa do intestino delgado, reduzindo a capacidade de absorção dos nutrientes.
A resposta da nutrição é a prática de uma alimentação isenta de glúten e, também neste caso, sugere-se a toma de probióticos.
Artrite reumatóide
Esta doença sistémica inflamatória caracteriza-se por uma dor, que pode ser muito forte, e o desfiguramento das articulações das mãos e/ou pés. É muito comum que, quem sofre de artrite reumatóide, acorde com dor, rigidez e dificuldade em mexer as articulações.
Ainda se está a estudar as opções que a nutrição pode oferecer a quem sofra desta doença autoimune, mas há indícios de que uma dieta mediterrânica — à base de fruta, hortícolas, cereais inteiros, peixe e azeitonas, assim como um baixo consumo de carne vermelha e alimentos com gordura saturada — melhora os seus sintomas. Outros estudos referem melhorias significativas após uma rotina de jejum seguida de uma alimentação vegetariana. Porém, cada caso é um caso, pelo que a estratégia nutricional deverá ser adaptada aos sintomas apresentados.
Doenças autoimunes como a pancreatite, o síndroma de Sjogren, o lúpus eritematoso, a diabetes mellitus insulinodependente, a psoríase, a doença tiroideia, a tiroidite de Hashimoto ou outras intolerâncias, como à lactose, afetam a vida de muitas pessoas. Muitas vezes, a nutrição e as doenças têm uma relação direta e a simples correção da dieta (reduzir os agentes inflamatórios e aumentar o consumo de alimentos antioxidantes e anti-inflamatórios) pode ser uma forma de minimizar os seus sintomas, para uma maior qualidade de vida.
Portanto, se sofre de uma destas doenças ou intolerâncias, saiba que não há necessidade de continuar a viver com alguns dos sintomas com os quais a nutrição pode ajudar. Marque uma consulta na nossa clínica.